A Seleção Brasileira se prepara para enfrentar a Bolívia em um dos estádios mais desafiadores do continente: o Hernando Siles, em La Paz, localizado a mais de 3.600 metros de altitude. O técnico Carlo Ancelotti, em coletiva de imprensa, admitiu que a condição geográfica é um obstáculo real e anunciou mudanças no time titular para minimizar os efeitos físicos.
Segundo o treinador, a equipe precisa de mais do que talento para superar o adversário em tais circunstâncias: “Será preciso ter atitude. Só a qualidade técnica não basta quando as condições exigem tanto do corpo”, destacou o comandante.
A CBF adotou medidas específicas para preparar os jogadores. Antes do confronto, a delegação realizou treinamentos em Santa Cruz de La Sierra, cidade em menor altitude, como forma de adaptação gradual. A comissão técnica também acompanha a oxigenação dos atletas e oferece suplementação para reduzir os efeitos da baixa concentração de oxigênio.
Jogadores que já tiveram experiência em partidas na altitude comentaram sobre sintomas comuns, como falta de ar, tontura e maior desgaste físico já nos primeiros minutos. Por isso, a rotação do elenco e o uso de atletas mais jovens e resistentes fisicamente fazem parte do plano de Ancelotti.
Nos últimos treinos, o treinador esboçou alterações em praticamente todos os setores. Entre as novidades, está a possível entrada de Fabrício Bruno na zaga, ao lado de Alex, do Lille. Além disso, alterações no meio-campo devem garantir maior mobilidade e fôlego, enquanto no ataque a ideia é privilegiar jogadores de explosão, capazes de decidir em lances pontuais.
A imprensa esportiva brasileira apontou que até mesmo a posição de goleiro poderia ter mudança, mostrando a disposição do treinador em usar alternativas para lidar com o cenário.
Historicamente, a Seleção Brasileira costuma enfrentar dificuldades em La Paz. Apesar da superioridade técnica, o efeito da altitude já resultou em empates e derrotas inesperadas. Para muitos especialistas, a dificuldade não está na força da Bolívia, mas no desgaste extremo que impede o Brasil de manter seu ritmo habitual.
A última vitória brasileira em território boliviano aconteceu em 2017, mas o placar foi apertado. Em outros momentos, o time sofreu com empates sem gols, reflexo direto das limitações impostas pela altitude.
O confronto é válido pelas Eliminatórias da Copa do Mundo de 2026, e conquistar pontos fora de casa pode ser decisivo na campanha. A Bolívia, embora não seja uma das favoritas, costuma usar o fator geográfico como arma, principalmente contra seleções mais fortes.
Para Ancelotti, o duelo tem também caráter simbólico. Será um teste importante para o seu início de trajetória à frente da Seleção Brasileira, consolidando sua imagem não apenas como um técnico vitorioso em clubes, mas também capaz de enfrentar os desafios únicos do futebol sul-americano.
Apesar das dificuldades, jogadores como Gabriel Magalhães afirmaram que a altitude não deve ser encarada como desculpa, mas como parte do desafio. O zagueiro elogiou a postura de Ancelotti, chamando-o de “paizão”, e destacou a união do grupo em torno do objetivo de conquistar a vitória.
O clima de confiança reforça o discurso do treinador, que insiste em mesclar qualidade técnica com comprometimento e espírito de equipe.
O Brasil chega ao jogo contra a Bolívia ciente das dificuldades impostas pela altitude, mas confiante no trabalho de Ancelotti. Com mudanças na escalação, preparação médica e foco em manter a intensidade mesmo em condições adversas, a Seleção aposta em talento e atitude para conquistar pontos importantes fora de casa.
Mais do que uma simples partida, o duelo em La Paz será um teste de resiliência e estratégia para o novo ciclo da Seleção Brasileira rumo à Copa de 2026.